quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Líderes de facções são transferidos do Acre para o presídio de Mossoró

Ao todo,15 detentos foram transferidos, na madrugada desta quinta (12).
'Abrimos vagas para serem preenchidas por outros líderes', disse secretário.

Quésia MeloDo G1 AC

Ao todo, 15 presos do Acre foram transferidos para presídio federal de Mossoró, no RN (Foto: Alexandre Noronha/Secom)

A Segurança Pública do Acre transferiu na manhã desta quinta-feira (12) 15 detentos para o presídio federal de Mossoró (RN). Os presos transferidos estavam no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no presídio Antônio Amaro, em Rio Branco. A transferência ocorreu por volta das 4h30.

Os trâmites para a transferência iniciaram, segundo a assessoria da Sesp, em outubro de 2016, quando foi pedida a transferência de 36 presos e o juiz federal autorizou apenas um. O pedido foi refeito na segunda (9) e a liberação foi dada, de acordo com a Justiça Federal de RN, no mesmo dia, mas a Sesp disse que foi notificada apenas na tarde da terça (10).

"15 líderes de facções foram transferidos. Isso demonstra que o Estado não vai se curvar para a criminalidade. Todos os presos passaram por corpo de delito e depois foram transferidos. São essas lideranças que dão a ordem para esquartejar, matar, roubar e cometer vários crimes na capital e interior. Com isso, abrimos 15 vagas que podem ser preenchidas por outros líderes", disse o secretário de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias.


Mas, a Corregedoria da Penitenciária Federal de Mossoró emitiu nota, na quarta (11), rebatendo as informações de que o Acre aguardava há cinco meses a resposta sobre o pedido de transferência dos 15 presos. Após a nota, a Sesp voltou atrás e disse que havia dado entrada ao pedido em outubro.Inicialmente, Farias, havia informado que o pedido de transferência dos presos havia sido enviado ao juiz federal de Mossoró há cerca de cinco meses e o estado ainda aguardava a autorização.

Em confronto com a Polícia Militar do Acre, quatro homens foram mortos na noite desta quarta (11) no bairro João Paulo, região da Baixada da Sobral, em Rio Branco. De acordo com a PM o grupo, que seria de uma facção criminosa, estava em reunião e iria cometer crime na madrugada desta quinta.


No último dia 7, criminosos dispararam contra o prédio da Defensoria Pública do Acre, na capital. O local foi atingido por quatro disparos. Os tiros atingiram a vidraça. A assessoria da Polícia Civil disse que os criminosos, antes do ataque, roubaram um carro e amarraram o dono.

A polícia encontrou o veículo próximo à Defensoria. Dentro dele, havia uma bomba de fabricação caseira e uma carta de duas páginas em que os bandidos ameaçavam explodir prédios públicos, supermercados e pontes do estado.
Segurança Pública falou em coletiva, na manhçã desta quinta (12), sobre transferência de presos (Foto: Quésia Melo/G1)

Transferência de presos estava em sigilo
Farias afirmou ao G1, na terça (10), que a solicitação de transferência estava em sigilo para evitar retaliação dos detentos dentro dos presídios do estado. Ele disse ainda que o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciou na segunda (9) que o pedido havia sido autorizado, mas o Acre não tinha sido notificado no mesmo dia.

O secretário lembrou que a declaração do ministro da Justiça veio após a rebelião que deixou 60 mortos em Manaus (AM) e outros 33 mortos na maior penitenciária de Roraima (PR), na madrugada do úlrtimo dia 6. No Acre, uma rebelião em outubro de 2016 deixou quatro mortos e 19 feridos.

Acre deve gastar R$ 31 milhões em reforma de presídios
O Acre anunciou que pretende investir R$ 31 milhões do recurso que recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (FPN) na reforma e ampliação de presídios do estado. A verba foi repassada no início do mês, informou ao G1, o secretário de Segurança Pública. Ao todo, foi repassado R$ 44 milhões para que fosse construído um novo presídio. Porém, Farias afirmou que o problema é "emergencial" e não pode esperar por cerca de três anos, que seria o tempo para a construção de um novo prédio, para resolver a situação.

Mortes em 2016 e guerra entre facções
Em 2016 o Acre registrou mais de 300 homicídios. Farias chegou a dizer que foi um dos anos maus violentos. Com esses dados, o número de homicídios no estado aumentou quase 60% em relação ao ano de 2015, quando foram registrados 189 casos do ano passado.

Desde 2016, a capital acreana enfrenta uma briga entre facções criminosas, segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp-AC). Desde então, vários homicídios são registrados com características de execução. A Polícia Civil chegou a afirmar ainda no ano passado que o crime organizado estaria lutando por território.

Uma ataque na Unidade Prisional 4 (UP4) ocorreu em outubro, quando pelo menos 25 criminosos armaram uma emboscada no horário que presos do semiaberto retornavam para dormir no presídio. Um motim e uma rebelião também ocorreram no Complexo Prisional Francisco d'Oliveira Conde (FOC) no mesmo mês.

Já neste ano, e diante da morte da 56 pessoas durante rebelião em presídio no Amazonas e 31 presos em Roraima, a Sesp-AC decidiu isolar 44 detentos no presídio de segurança máxima Antônio Amaro. Em todo o FOC, a secretaria anunciou que policiais civis, militares e agentes penitenciários devem atuar em regime de 24 horas por tempo indeterminado
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