Cinco presos vão prestar depoimento e, em seguida, serão transferidos.
Situação ainda é tensa na penitenciária onde 26 mortos em rebelião.
Anderson Barbosa, Fernanda Zauli e Fred CarvalhoDo G1 RN
Cinco presos deixaram a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, na tarde desta segunda-feira (16). De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, esses detentos estariam entre os chefes da facção que promoveu a matança de presos entre o sábado (14) e o domingo (15) dentro da unidade. Eles foram levados para a Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), em Natal, para prestar depoimento a uma comissão de delegados e, de lá, serão transferidos para outra unidade prisional. Por questões de segurança, o governo não informou para qual presídio eles serão levados.
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino, a rebelião em Alcaçuz começou na tarde do sábado logo após o horário de visita. O secretário disse que os presos do pavilhão 5, que abriga integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), usando armas brancas, quebraram parte de um muro e invadiram o pavilhão 4, onde há presos que integram o Sindicato do Crime, facção criminosa rival do PCC. Ainda de acordo com Virgolino, todos os 26 mortos são do Sindicato.
Chefes de facção que promoveu matança em Alcaçuz são transferidos (Foto: Jocaff Souza/ G1 RN)
A Polícia Militar, com apoio do Grupo de Operações Especiais (GOE) e Grupo de Escolta Penal (GEP) retirou do presídio os cinco detentos apontados – segundo investigações das forças de segurança do Rio Grande do Norte – como os chefes da rebelião que terminou com presos mortos e feridos.
Após negociação, PM, GOE e GEP fizeram buscas nos pavilhões 4 e 5 e conseguiram identificar os cinco suspeitos, que foram encaminhados para a Polícia Civil, onde serão interrogados pelas autoriRebelião
O motim começou com uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5 por volta das 17h de sábado (14). Segundo o governo, a briga estava restrita aos dois pavilhões. Presos de facções criminosas diferentes ficam separados.
De acordo com a Sejuc, os próprios presos desligaram a energia do local e, com isso, os bloqueadores de celulares deixaram de funcionar.
Na manhã de domingo (15), militares do Bope e do Choque, além do Grupo de Operações Especiais, entraram em Alcaçuz com veículo blindado, vans e carros para acabar com rebelião. Ela foi controlada por volta das 7h20, mais de 14 horas depois do início.
Alcaçuz fica em
Nísia Floresta, cidade da Grande
Natal, e possui capacidade para 620 detentos, mas abriga cerca de 1.150, segundo a Sejuc, órgão responsável pelo sistema prisional do RN.
Transferências de presos
O secretário de Justiça, Wallber Virgolino, disse que foram identificados pelo menos seis líderes da rebelião em Alcaçuz. Eles foram isolados dentro da unidade prisional e o secretário afirmou que vai pedir a transferência deles para presídios federais.
Além disso, Virgolino afirmou que pretende fazer uma grande transferência de presos de Alcaçuz para outras unidades prisionais do Estado. O objetivo, segundo ele, é separar duas facções: Sindicato do Crime e PCC. Ele classificou o local como "cenário de barbárie".
Ainda de acordo com o secretário, a rebelião no Rio Grande do Norte não tem relação confirmada com os motins no Amazonas e em Roraima. "Não há confirmação de relação, mas com certeza as rebeliões naqueles presídios incentivaram o que aconteceu aqui."
Rebeliões e fugas
Força Nacional
Na segunda-feira (9), o Ministério da Justiça prorrogou por mais 60 dias a presença da Força Nacional de Segurança no Rio Grande do Norte. Os policiais enviados pelo governo federal estão atuando no patrulhamento das ruas e podem agir na segurança do perímetro externo das unidades prisionais localizadas na Grande Natal. O prazo poderá ser novamente prorrogado, caso haja necessidade.
Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o
Rio Grande do Norte possui 33 unidades prisionais, que oferecem 3,5 mil vagas, mas a população carcerária é de 8 mil presos – ou seja, o déficit é de 4,5 mil vagas.
Acre e Amazonas
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do
Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de
Mossoró, na região oeste do
Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presídio potiguar – 14 do Acre e 5 do Amazonas.
Fonte:G1RN